ESG estende suas raízes ao setor sucroenergético

ESG estende suas raízes ao setor sucroenergético

Por estivillml

A busca constante por melhores práticas ambientais, sociais e de governança, que são a base do conceito de ESG, desembarcaram do mundo corporativo e vem fixando suas raízes no campo. O assunto foi tema da 5º CEO Meeting – ESG A sustentabilidade na prática, promovido pelo JornalCana, no dia 29 de junho.

Sob a condução do jornalista e diretor do grupo ProCana, Josias Messias, estiveram reunidos no evento online Gustavo Alvares, CEO da Atvos; Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor-presidente da Jalles Machado e Renato Junqueira Santos Pereira, vice-presidente de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro. O webinar foi patrocinado pela AxiAgro; GDT by Pró-Usinas;HRC; Project Builder e S-PAA Soteica.

Para Gustavo Alvares, da Atvos, a segunda maior produtora de etanol do país e a maior emissora de créditos de descarbonização (CBios), a questão ambiental faz parte do DNA da companhia e está contemplada em quatro áreas de atuação: a primeira delas na área de mudança climática, com redução da captura de carbono e seu impacto na atmosfera. “Por ano nós evitamos mais de 5 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, com 100% das unidades certificadas pelo RenovaBio, o que demonstra a relevância com que tratamos esse tema”, disse.

Segundo Alvares essa preocupação com agricultura de baixo carbono, permite entre outras vantagens a redução de produtos químicos na terra, um melhor aproveitamento do consumo da água, contribuindo para um controle biológico das pragas e também para práticas mais sustentáveis de manejo do solo.

O CEO da Atvos também destacou a questão da circularidade, como determinante para a redução da emissão de resíduos. A gestão deste segmento é muito importante. “Hoje 98% dos nossos resíduos, foram processados, vendidos, reutilizados ou reciclados, reduzindo assim o volume de resíduos em nossas operações”, comentou.

Um outro fator que ele considerou relevante também é o investimento em biodiversidade. “Investimos significativamente na plantação de mudas nativas em nossas áreas de atuação. Temos um projeto do Corredor Ecológico na Mata Atlântica em São Paulo, um trabalho feito em conjunto com Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), entre outros programas de manutenção das áreas de preservação”, disse.

Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor-presidente da Jalles Machado, empresa situada em Goiás e com 40 anos de atuação no setor, destaca a completa integração da cana-de-açúcar com o meio ambiente. “Eu digo sempre que açúcar e álcool se faz no campo. A indústria só extrai o que campo produz. E o campo está integralmente ligado ao meio ambiente. O nosso produto principal, a cana-de-açúcar é espetacular. Ela pega a energia solar e transforma essa energia através da fotossíntese em produto energético líquido: o etanol e sólido: o açúcar, sem insumos, sem poluição. É interessante demais essa nossa cultura. Se a gente não cuidar do meio ambiente, não vamos ter a cana e sem cana, não temos o nosso produto final. Logo, sem sustentabilidade não teremos condições de produção”, afirmou.

Otavio mencionou a utilização da vinhaça, na redução de adubos químicos, produção de açúcar orgânico, que respeita o ambiente por não utilizar herbicidas, nem inseticidas, controle biológico de pragas, colheita 100% mecanizada, entre outras ações.

“Nós temos ainda o aproveitamento que pode ser feito do gás carbônico na fermentação. Enfim, nosso Parque Industrial é bem administrado. Nas questões ambientais podemos dar exemplos para todos os segmentos industriais em como se produzir respeitando e valorizando o meio ambiente”, disse.

Para Renato Junqueira Santos Pereira, VP de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro, a sustentabilidade já faz parte da cultura da empresa, que emite relatórios auditados sobre o assunto. Ele destacou que a pandemia da Covid -19, serviu como uma lupa para essa questão. “Estamos vendo o tamanho da crise provocada na saúde pública e corremos o risco de problemas na mesma proporção caso não passemos a nos preocupar com a questão do aquecimento global. Enquanto alguns países fazem turismo da vacina, temos outros sem vacinas para seus grupos prioritários. Logo o E, o S e o G da sigla acabam comprometidos”, afirmou.

Pereira destacou que o Brasil se encontra bem posicionado nesse momento de transição energética, porque o etanol é um combustível limpo, renovável e que emite 90% menos CO2 que a gasolina, tendo também papel importante na eletrificação da frota. Considerando o ciclo de vida do combustível que o pessoal chama “do poço a roda” o etanol é uma opção; é muito limpa e muito mais eficiente do que os veículos elétricos de outras matizes.

Ele também destaca o gigantesco potencial na produção de bioeletricidade. “A Adecoagro gera 75 kwh por tonelada de cana, o equivalente a uma cidade com 1,2 milhões de habitantes”, informou, completando: “O mundo mais limpo e sustentável é um anseio irreversível da população e nós estamos no caminho certo para tentar atender essa demanda da sociedade”,

Questão social

A temática social vem ganhando cada vez mais importância e questões como inclusão e diversidade, direitos humanos, engajamento dos funcionários privacidade e proteção de dados políticas e relações de trabalho relações com as comunidades, são preocupações cada vez mais frequentes no dia-a-dia das empresas.

Otávio Lage, da Jalles Machado, diz que a empresa tem um olhar social intenso, sempre tratando o colaborador como maior patrimônio. “Sem as pessoas não conseguimos ir a lugar algum”, destacou. Entre as diversas ações promovidas pela empresa ele destacou a criação de uma escola, que inicialmente atendia aos filhos dos colaboradores e hoje atende toda a comunidade.

Durante a pandemia, a empresa fez um esforço para triplicar a produção de álcool gel, de álcool líquido que foram doados para a cidade e comunidades vizinhas.

Renato Junqueira Santos Pereira, vice-presidente da Adecoagro, também destacou o investimento em educação feito pela empresa como a construção de Centros de Treinamentos, dotados de laboratórios de primeira linha, que contribuem para o desenvolvimento de mão-de-obra para toda a região. “Para se ter uma ideia, no ano passado, formamos 236 pessoas e 5.179 foram requalificados para o mercado de trabalho”, informou. Através de parcerias, a empresa também faz a capacitação de professores da rede municipal e distribuição de material didático.

A questão da redução do número de acidentes de trabalho e a busca da equidade de gênero também foram abordadas pelos participantes do webinar. Gustavo Alvares, da Atvos destacou que 15% dos colaboradores são mulheres. Apesar de ser uma das maiores médias do setor, o objetivo é ampliar ainda mais e para 2023 a meta é que esse percentual esteja na casa dos 26%.

Governança


Renato Junqueira Santos Pereira, VP Açúcar e Etanol da Adecoagro
Renato Junqueira Santos Pereira, da Adecoagro, destacou que a empresa que divide sua gestão através de um Conselho Administrativo, que incluem comitês de auditoria, de estratégia, de compensação e de risco. A companhia conquistou pelo terceiro ano consecutivo o selo “Agromais”, concedido pelo Ministério da Agricultura.

Com relação a governança, Gustavo Alvares, da Atvos, ressaltou que a empresa fez um trabalho de mapeamento de riscos, onde foram detectados 109 pontos. “Já demos tratamentos a 71 por cento desses riscos até o ano passado e esse ano devemos fechar com 100%. E o interessante é que 69% desses riscos estão ligados a ESG, um número bastante representativo que mostra a relevância desse tema”, ressaltou.

Otávio Lage de Siqueira Filho, da Jalles Machado, atribui ao bom trabalho de governança ao longo desses 40 anos, que permitiu a recente abertura de capital da empresa. “Graças a essa transparência, essa preocupação com a governança até hoje mantemos uma ótima relação com os nossos sócios. Desde 2014 já fizemos seis emissões no mercado de capitais, fomos pioneiros do nosso segmento sucroenergético. Enfim, nós temos procurado fazer uma governança com comitês financeiro, comercial, comitê de auditoria, integridade. Temos um canal de denúncia fora da empresa, e vários projetos e programas sociais junto à comunidade”, explicou.

Fonte: jornalcana

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